A exposição

Caminhos

Espelho Labirinto elabora diferentes possibilidades de articulação das obras de 85 artistas brasileiros, a partir de eixos intrínsecos à deambulação e à reflexão, propondo um espaço construído que abdica do status de realidade, procurando encontrar pontos que reverberam entre si.

Seria possível a tecitura de caminhos entre estilhaços de espelhos, propondo a fratura como uma abertura imaginária labiríntica? Nesta seleção de obras da Coleção Sérgio Carvalho, vimos o reflexo e a desorientação como modo contínuo de divagar entre elas, que ora indicam caminhos que refletem em si mesmas, ora indicam caminhos que refletem em outras, nos desorientando e confundindo os caminhos possíveis.

O que há em comum entre o Narciso que se afoga encantado com seu reflexo e o Minotauro encarcerado em seu labirinto?

Ambos são desterritorializados, quebrando, assim, os vínculos entre localização e identificação. As obras inéditas aqui selecionadas, cada uma ao seu modo, revelam processos de elaboração poética, pensando novas organizações de mundo e ousados reflexos particulares.

Labirinto é um trajeto em busca do caminho, enquanto o espelho reflete o autoconhecimento. Um Caronte, logo na entrada, nos guia em direção ao indecifrável, ou falível, exercício constante de anseio por uma luz no fim do túnel. O espelho proporciona a dualidade como possibilidade de dupla existência em outro espaço, em outro tempo de reflexão. Nesta reunião de obras, buscamos evocar as ideias de reflexo/espelho e contenção/labirinto, tendo-as como ponto de partida para o corpo expográfico em que os pontos de referência se confundem.

 

Galeria 1

Obra sem título
Carolina Ponte – 2009

Labirinto

Metamorfoses e paisagens se mesclam em obras que, cada uma ao seu modo, bagunçam as delimitações entre real e imaginário, materialidades que se alteram em um vaivém. A Coleção Sérgio Carvalho opera tal qual um labirinto que surpreende ao olhar para cada uma das revelações que se apresentam, a partir de arquiteturas e divisores, em jogos de cena que convidam, semelhante a um canto de sereia, à captura pelo inenarrável. Espelho Labirinto é um manual de pensamentos, Labirinto-trajeto e Espelho-reconhecimento.

O espelho como metáfora tem servido de ferramenta base no desenvolvimento da psicanálise, permitindo compreenderem-se os processos de estruturação do Eu, mas que, neste projeto, é evocado no interesse de expandir a estruturação de nós em relação às obras que se apresentam nestas galerias. O melhor do labirinto é perder-se, pois apenas assim existe a possibilidade de encontrar-se.

As armadilhas mentais e os caminhos individuais que aprendemos a manejar com o tempo, a partir de situações vitais ou imaginárias, remetem à percepção de uma luta contra o imponderável, do corredor que não é contínuo até ao horizonte visível.

compartilhe

Espelho Labirinto
Jardim de Amilcar de Castro: Neoconcreto sob o céu de Brasília

terça a domingo: 9h às 19h

entrada gratuita

SCES, Trecho 2 – Brasília/DF